O anticonsumismo é uma ideologia sociopolítica que se opõe ao consumismo, a compra e consumo contínuos de bens materiais. O anticonsumismo preocupa-se com as ações privadas das empresas na busca de objetivos financeiros e económicos em detrimento do bem-estar público, especialmente em questões de proteção ambiental, estratificação social e ética no governo de uma sociedade. Na política, o anticonsumismo sobrepõe-se ao ativismo ambiental, à antiglobalização e ao ativismo pelos direitos dos animais; além disso, uma variação conceptual do anticonsumismo é o pós-consumismo, vivendo de uma forma material que transcende o consumismo.[1]
O anticonsumismo surgiu em resposta aos problemas causados pelos maus-tratos a longo prazo dos consumidores humanos e dos animais consumidos, e da incorporação da educação do consumidor nos currículos escolares; exemplos de anticonsumismo são o livro Sem Logo (2000) de Naomi Klein, e documentários como The Corporation (2003), de Mark Achbar e Jennifer Abbott, e Surplus: Terrorized into Being Consumers (2003), de Erik Gandini; cada um tornou popular o ativismo anticorporativo como uma forma ideologicamente acessível de ação civil e política. Os preditores de atitudes e comportamentos anticonsumo incluem motivações individuais e coletivas resultantes de experiências negativas com um determinado produto ou marca ou podem estar relacionadas com uma incongruência simbólica entre o sentido de identidade de alguém e a imagem de uma empresa (Iyer e Muncy, 2009, Kozinets et al., 2010, Lee e Ahn, 2016)
A crítica ao materialismo económico como um comportamento desumanizante e destrutivo para a Terra, como habitat humano, vem da religião e do ativismo social. A crítica religiosa afirma que o consumismo materialista interfere na ligação entre o indivíduo e Deus e, portanto, é um estilo de vida inerentemente imoral; assim, o historiador alemão Oswald Spengler (1880–1936) afirmou que “a vida na América é exclusivamente económica em estrutura e carece de profundidade”.[2] Da perspetiva católica romana, Tomás de Aquino disse que, “A ganância é um pecado contra Deus, assim como todos os pecados mortais, na medida em que o homem condena as coisas eternas por causa das coisas temporais”;[3] nesse sentido, Francisco de Assis, Ammon Hennacy e Mohandas Gandhi disseram que a inspiração espiritual guiou-os para uma vida simples.
Da perspetiva secular, o ativismo social indica que do materialismo consumista derivam o crime (que tem origem na pobreza da desigualdade económica), na poluição industrial e na consequente degradação ambiental, e na guerra como negócio.
Sobre o descontentamento social nascido do mal-estar e do hedonismo, o Papa Bento XVI afirmou em 2008 que a filosofia do materialismo não oferece nenhum propósito para a existência humana,[4] e em 2011 atacou especificamente a comercialização do Natal;[5] da mesma forma, o escritor Georges Duhamel afirmou que "o materialismo americano [é] um farol de mediocridade que ameaçou eclipsar a civilização francesa".[2]