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Beija-flor

 Nota: Para outros significados, veja Beija-flor (desambiguação).
Beija-flor
Intervalo temporal: 30–0 Ma
Rupeliano
Ilustração por Ernst Haeckel de várias espécies: a imagem mostra um melisugíneo, três politmíneos, quatro lesbíineos, um florisugíneo, um fetornitíneo e dois helianteíneos
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Infraclasse:
Superordem:
Ordem:
Família:
Trochilidae

Vigors, 1825
Espécie-tipo
Trochilus polytmus
Linnaeus, 1758
Subfamílias[1][2]

6, incluindo Trochilinae e Phaethornithinae

Sinónimos[3]

Trochiliformes

Os beija-flores, também denominados colibris, são termos comuns que se referem à qualquer uma de 362 espécies classificadas dentro de 113 gêneros reconhecidos, e se encontrando distribuídos desde o sul do Alasca ao extremo sul da Patagônia, no arquipélago da Terra do Fogo;[4][5] embora grande parte das espécies se encontre na região dos trópicos equatorianos. São aves pequenas, com uma parcela significativa de suas espécies medindo entre 7,5 e 13 centímetros de comprimento, embora algumas sejam muito maiores ou, até muito menores.[6] Dentre todos as espécies descobertas, sua maior espécie é o beija-flor-gigante (Patagona gigas), uma ave monotípica e monofílica, ao que a menor é o beija-flor-abelha (Mellisuga helenae).[7] Cientificamente, os beija-flores estão classificados dentro da família dos troquilídeos (Trochilidae) que, por sua vez, está localizada dentro da ordem dos Apodiformes, que é constituída por pequenas aves com asas grandes e pés pequenos atrofiados, com garras nas pontas, usados para se empoleirar ou pousar.[8] Sendo restritos ao continente americano, têm seu nicho ecológico preenchido no Velho Mundo pelos nectaríinideos.[9] Existem, ainda, evidências de fósseis de algumas aves europeias pré-históricas, descobertos na região sudeste da França e Alemanha e datados do Paleogeno, que se assemelham aos beija-flores morfologicamente, mas extremamente divergentes no âmbito genético.[10][11][12] Em inglês, são chamados de "hummingbirds".[13]

A história natural dos beija-flores se inicia ainda nos primórdios da zoologia e, subsequentemente, da ornitologia, iniciando-se com descrições realizadas pelo sueco Carlos Lineu, e publicadas na décima edição do Systema Naturæ, estas locadas no gênero Trochilus, que, posteriormente, se tornaria o gênero-tipo da subfamília dos troquilíneos, dentro da família. Hoje, a maioria dos identificadores taxonômicos classifica-os dentro da ordem Apodiformes, porém, a BirdLife International considera-os pertencentes aos Caprimulgiformes, ao que a Lista de Aves de Sibley—Monroe, publicada originalmente em 1990, classifica os beija-flores dentro de uma ordem monotípica, que foi conhecida por Trochiliformes.[14][15] Os beija-flores se encontram divididos em seis subfamílias, além de mais seis tribos, respectivamente, os troquilíneos (inclui tribos Trochilini, Mellisugini e Lampornithini), os fetornitíneos, os lesbíineos (que inclui as tribos Lesbiini e Heliantheini), os politmíneos, os florisugíneos e os patagoníneos.[16][17][18] Entretanto, até a década de 2010, esta família incluía apenas as duas primeiras subfamílias, porém, diversos estudos filogenéticos moleculares confirmaram uma divisão de nove clados existentes neste táxon.[19] O cladograma abaixo foi realizado através dos estudos filogenéticos publicados por McGuire et al.:

Trochilidae

Florisuginae – colibris, topázios

Phaethornithinae – balança-rabos, rabos-brancos

Polytminae – bicos-de-lança, colibris

Lesbiinae

Heliantheini – brilhantes

Lesbiini – topetinhos, rabos-de-espinho

Patagoninae – colibri-gigante

Trochilinae

Trochilini – asas-de-sabre, esmeraldas

Lampornithini – colibris

Mellisugini – besourinhos

Estas aves são conhecidas no português brasileiro como beija-flores, e no português europeu como colibris, entretanto, outros nomes populares incluem cuitelo, cuitelinho, guanambi, guanumbi, guinumbi, guainumbi, pica-flor, chupa-flor, chupa-mel e suga-flor, e em guarani, estas aves são conhecidas popularmente como mainoĩ.[20][21] Além disso, muitas espécies têm nomes específicos às mesmas, como os calçudos dos gêneros Haplophaedia e Eriocnemis, bem como os balança-rabos dos gêneros Glaucis e Threnetes, os rabos-brancos, os cometas de Sappho, Polyonymus e Taphrolesbia; e os bicos-de-lança, além de nomes exóticos como os helianjos, os metaluros ou os incas.[22] A maioria dos beija-flores brasileiros possui distribuição na região nordeste do país, em altitudes entre 500 e 1500 metros acima do nível do mar. A maior biodiversidade destas aves ocorre nas regiões andinas da Colômbia e Equador;[23] no Brasil, terceiro país com a maior biodiversidade do mundo, apresenta cerca de 84 espécies, com 16 sendo endêmicas.[24] A maioria dos beija-flores é residente, com algumas espécies realizado migrações sazonais ao sul. São polinizadores e forrageadores, e se alimentam principalmente do néctar das flores nativas ou introduzidas — onde introduzem sua língua dentro das flores, sugando o pólen e o néctar —,[25][26] e complementando sua dieta alimentando-se de pequenos insetos e outros artrópodes.[27] A maioria de suas espécies é sexualmente dimórfica, onde as fêmeas apresentam cores mais opacas e, às vezes, os machos podem ser menores.[28] A maioria destas aves são extremamente territorialistas, competindo com insetos, outros beija-flores e, ainda, com aves muito maiores, como os fura-flores.[29][30][31] Nesse contexto, as espécies menos competitivas são submissas e frequentemente assediadas pelas espécies mais agressivas.

  1. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  2. Chesser, R.T.; Billerman, S.M.; Burns, K.J.; Cicero, C.; Dunn, J.L.; Hernández-Baños, B.E.; Jiménez, R.A.; Kratter, A.W.; Mason, N.A.; Rasmussen, P.C.; Remsen, Jr., J.V.; Stotz, D.F.; Winker, K. (2022). «Check-list of North American Birds». American Ornithologists' Society. Consultado em 13 de dezembro de 2022 
  3. Monroe, Burt L.; Sibley, Charles G. (1993). A world checklist of birds. New Haven: Yale University Press. OCLC 611551988 
  4. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  5. Fjeldså, Jon; Krabbe, Niels (1 de junho de 1990). Birds of the High Andes: A Manual to the Birds of the Temperate Zone of the Andes and Patagonia, South America. Copenhagen, Denmark: Apollo Books. ISBN 87-88757-16-1. OCLC 22163126 
  6. Schuchmann, Karl L. (1999). del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J., eds. Handbook of the Birds of the World. Barcelona: Lynx Edicions. pp. 468–680. ISBN 84-87334-25-3 
  7. BirdLife International (22 de junho de 2021). «Hummingbird». BirdLife International (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2022 
  8. Mayr, Gerald (2003). «Phylogeny of Early Tertiary Swifts and Hummingbirds (Aves: Apodiformes)». The Auk (em inglês) (1). 145 páginas. ISSN 0004-8038. doi:10.1642/0004-8038(2003)120[0145:POETSA]2.0.CO;2. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  9. Winkler, David W.; Billerman, Shawn M.; Lovette, Irby J. (2020). «Sunbirds and Spiderhunters (Nectariniidae), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.nectar1.01. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  10. Mayr, Gerald (29 de abril de 2005). «The Paleogene fossil record of birds in Europe». Biological Reviews (em inglês) (04). 515 páginas. ISSN 1464-7931. doi:10.1017/S1464793105006779. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  11. Louchart, Antoine; Tourment, Nicolas; Carrier, Julie; Roux, Thierry; Mourer-Chauviré, Cécile (1 de fevereiro de 2008). «Hummingbird with modern feathering: an exceptionally well-preserved Oligocene fossil from southern France». Naturwissenschaften (em inglês) (2): 171–175. ISSN 1432-1904. doi:10.1007/s00114-007-0309-0. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  12. Mayr, Gerald (7 de maio de 2004). «Old World Fossil Record of Modern-Type Hummingbirds». American Association for the Advancement of Science. Science Magazine. 304 (5672): 861-864. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.1096856. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  13. Harris, Roger (2011). Amazon highlights: Peru, Brazil, Colombia, Ecuador. Col: Bradt highlights. Chalfont St. Peter: Bradt Travel Guides
  14. Sibley, Charles G. (junho de 1994). «On the Phylogeny and Classification of Living Birds». Journal of Avian Biology. 25 (2): 87–92. ISSN 0908-8857. doi:10.2307/3677024. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  15. Sibley, Charles G.; Ahlquist, Jon E. (23 de janeiro de 1991). Phylogeny and Classification of the Birds: A Study in Molecular Evolution. New Haven: Yale University Press. pp. 391–401. JSTOR j.ctt1xp3v3r. doi:10.2307/j.ctt1xp3v3r 
  16. McGuire, J.A.; Witt, C.C.; Altshuler, D.L.; Remsen, J.V. (2007). «Phylogenetic systematics and biogeography of hummingbirds: Bayesian and maximum likelihood analyses of partitioned data and selection of an appropriate partitioning strategy». Systematic Biology. 56 (5): 837–856. PMID 17934998. doi:10.1080/10635150701656360Acessível livremente 
  17. McGuire, J.A.; Witt, C.C.; Remsen, J.V.; Dudley, R.; Altshuler, D.L. (2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology. 150 (1): 155–165. doi:10.1007/s10336-008-0330-xAcessível livremente 
  18. Bleiweiss, R.; Kirsch, J.A.; Matheus, J.C. (1997). «DNA hybridization evidence for the principal lineages of hummingbirds (Aves:Trochilidae).». Molecular Biology and Evolution. 14 (3): 325–343. PMID 9066799. doi:10.1093/oxfordjournals.molbev.a025767Acessível livremente 
  19. McGuire, J.; Witt, C.; Remsen, J.V.; Corl, A.; Rabosky, D.; Altshuler, D.; Dudley, R. (2014). «Molecular phylogenetics and the diversification of hummingbirds». Current Biology. 24 (8): 910–916. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016Acessível livremente 
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  21. Tibiriçá, Luíz Caldas (1 de janeiro de 1989). Dicionário Guarani-Português. Rio de Janeiro: Traço Editora. p. 174. ISBN 85-7119-017-8 
  22. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 101. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
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  24. Pacheco, José Fernando; Silveira, Luís Fábio; Aleixo, Alexandre; Agne, Carlos Eduardo; Bencke, Glayson A.; Bravo, Gustavo A.; Brito, Guilherme R. R.; Cohn-Haft, Mario; Maurício, Giovanni Nachtigall (1 de junho de 2021). «Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee—second edition». Ornithology Research (em inglês) (2): 94–105. ISSN 2662-673X. doi:10.1007/s43388-021-00058-x. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  25. Sazima, I.; Buzato, Silvana; Sazima, Marlies (abril de 1996). «An Assemblage of Hummingbird-pollinated Flowers in a Montane Forest in Southeastern Brazil». Botanica Acta (em inglês) (2): 149–160. doi:10.1111/j.1438-8677.1996.tb00555.x. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  26. Machado, Caio Graco (26 de agosto de 2014). «A comunidade de beija-flores e as plantas que visitam em uma área de cerrado ralo da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil». Bioscience Journal (5): 1578–1587. ISSN 1981-3163. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  27. Chavez-Ramirez, Felipe; Dowd, McAlister (1992). «Arthropod Feeding by Two Dominican Hummingbird Species». The Wilson Bulletin (4): 743–747. ISSN 0043-5643. Consultado em 13 de outubro de 2022 
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  29. Boyden, Thomas C. (1978). «Territorial Defense against Hummingbirds and Insects by Tropical Hummingbirds». The Condor (2). 216 páginas. ISSN 0010-5422. doi:10.2307/1367921. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  30. Carpenter, F. Lynn (novembro de 1979). «Competition Between Hummingbirds and Insects for Nectar». American Zoologist (em inglês) (4): 1105–1114. ISSN 0003-1569. doi:10.1093/icb/19.4.1105. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  31. Colwell, Robert K.; Betts, Burr J.; Bunnell, Pille; Carpenter, F. Lynn; Feinsinger, Peter (1 de outubro de 1974). «Competition for the Nectar of Centropogon valerii by the Hummingbird Colibri thalassinus and the Flower-Piercer Diglossa plumbea, and Its Evolutionary Implications». The Condor (4). 447 páginas. doi:10.2307/1365817. Consultado em 13 de outubro de 2022 

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