Calachacra (em védico: कालचक्र; romaniz.: Kālacakra; em tibetano: དུས་ཀྱི་འཁོར་ལོ།; romaniz.: dus kyi 'khor lo; em mongol: Цогт Цагийн Хүрдэн; romaniz.: Tsogt Tsagiin Hurden; em chinês: 時輪; romaniz.: Shí lún)[1] é um termo polissêmico em sânscrito usado no budismo vajrayana que literalmente significa "roda do tempo" ou "ciclos do tempo". "Kālacakra" é também o nome de uma série de textos budistas e uma linhagem de prática importante no budismo indiano e no budismo tibetano.[2][3] Considera-se que o tantra pertence à classe mais superior de ioga (anuttara-yoga).[4]
Kālacakra também se refere tanto a uma divindade tântrica patrona ou íidam no Vajrayana quanto às filosofias e iogas da tradição Kālacakra. As origens da tradição estão na Índia e sua história e presença posterior mais ativa foi no Tibete.[5] A tradição contém ensinamentos sobre cosmologia, teologia, filosofia, sociologia, soteriologia, mito, profecia, medicina e ioga. Retrata uma realidade mítica em que eventos cósmicos e sócio-históricos correspondem a processos nos corpos dos indivíduos. Esses ensinamentos têm o objetivo de levar a uma transformação do corpo e da mente da pessoa em um estado de Budeidade perfeita por meio de vários métodos iogues.[5][6]
A tradição calachacra é baseada no não-dualismo budista maaiana, que é fortemente influenciado pela filosofia madhyamaka, mas também se baseia em uma ampla gama de tradições budistas e não-budistas (como vaibhasika, xivaísmo, vaixnavismo e sânquia). A tradição calachacra sustenta que os ensinamentos calachacras foram ensinados na Índia pelo próprio Gautama Buda.[7][8] De acordo com estudos budistas modernos, os textos originais em sânscrito da tradição calachacra "se originaram durante as primeiras décadas do século XI, e sabemos com certeza que o Śrī Kālacakra e o comentário Vimalaprabhā foram concluídos entre 1025 e 1040 EC".[9] Kālacakra continua sendo uma tradição ativa do tantra budista no budismo tibetano, e seus ensinamentos e iniciações têm sido oferecidos a grandes audiências públicas, mais notoriamente pelo 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso.