O movimento negro no Brasil corresponde a um conjunto de movimentos sociais, políticos e culturais realizados pelos negros brasileiros, com a colaboração de aliados não negros, lutando por direitos e combatendo o racismo e a desigualdade.
Movimentos sociais expressivos envolvendo grupos negros perpassam toda a história do Brasil. Contudo, até a abolição da escravatura em 1888, estes movimentos eram quase sempre clandestinos e de caráter específico, posto que seu principal objetivo era a libertação dos negros cativos. Visto que os escravizados eram tratados como propriedade privada, fugas e insurreições, além de causarem prejuízos econômicos, ameaçavam a ordem vigente e tornavam-se objeto de violência e repressão não somente por parte da classe senhorial, mas também do próprio Estado e seus agentes.
Depois da abolição da escravatura o movimento negro continuou em suas ações reivindicatórias, sempre enfrentando resistências, repúdio e incompreensão de vários setores da sociedade brasileira, ocorrendo fases de avanço e outras de recuo. Muitos jornais e associações foram fundados em todo o país defendendo a igualdade e melhores condições de vida para os negros, e em vários momentos foram formados grupos de destacada atuação em diferentes linhas, como a Frente Negra Brasileira, a Associação Cultural do Negro, o Teatro Experimental do Negro, o Centro de Cultura e Arte Negra, o Quilombhoje e o Movimento Negro Unificado. Esse ativismo conseguiu reforçar a identidade étnica e influir na criação de legislação, resgatou memórias, valores e tradições, produziu expressiva literatura e iniciou um processo de revisão crítica da história, ressaltando a importância dos negros para a construção do país e sua cultura, assim como iniciou a derrubada do mito da democracia racial e a desfolclorização da imagem do negro.
Apesar dessas importantes conquistas, o movimento negro está longe de ter alcançado todos os seus objetivos. Uma grande parcela da população ainda é racista e resiste à ideia da igualdade, o preconceito está amplamente disseminado na sociedade, e todos os indicadores sociais, culturais e econômicos — saúde, educação, escolaridade, renda média, riqueza, emprego, qualidade de vida, participação democrática, representação política, inclusividade, acesso a infraestrutura, habitação, energia, abastecimento, serviços, benefícios, segurança, justiça, cultura — mostram que o negro permanece discriminado e em significativa desvantagem em relação ao branco.[1][2][3][4][5] Em 2016, segundo o IBGE, 54,9% dos brasileiros se autodeclaravam pretos ou pardos.[5] O Brasil tem a maior população afrodescendente das Américas e a maior população negra fora do continente africano.[6][7]
Mesmo após a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas a partir do ano de 2003, ainda é necessária a produção de argumentos para poder afirmar que o racismo de fato existe no Brasil. Além disso, há estudos que confirmam que quando a história do povo negro no Brasil é trabalhada em sala de aula, apenas escravidão e abolição são mencionadas com relevância, ignorando a literatura africana e seu contexto cultural. Durante a pandemia de covid-19, que exigiu medidas de segurança de isolamento social e o ensino emergencial remoto, evidenciou-se ainda mais as disparidades socioeconômicas, educacionais e raciais.[8]
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De cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras. Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra.
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