Sepse | |
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Frascos de hemocultura: frasco anaeróbico (tampa laranja), frasco aeróbico (tampa verde) e tampa amarela para amostras de crianças[1] | |
Sinónimos | Septicemia, sépsis, sepsia |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Febre, pulsação cardíaca acelerada, diminuição da pressão arterial, respiração acelerada, confusão mental[2] |
Causas | Resposta imunitária desencadeada por uma infeção[3][4] |
Fatores de risco | Pouca idade ou idade avançada, cancro, diabetes, trauma maior, queimaduras[2] |
Método de diagnóstico | Síndrome da resposta inflamatória sistémica (SRIS),[3] qSOFA[5] |
Tratamento | Terapia intravenosa, antimicrobianos[2][6] |
Prognóstico | Risco de morte: 10–80%[5][7] |
Frequência | 0,2–3 em 1000 por ano (países desenvolvidos)[7][8] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | A40, A41, T81.4, T88.0 |
CID-9 | 995.91 |
CID-11 | 293771399 |
DiseasesDB | 11960 |
MedlinePlus | 000666 |
MeSH | D018805 |
Leia o aviso médico |
Sepse, também referida como sépsis, sepsia, septicemia ou infecção generalizada, é uma condição potencialmente fatal que surge quando a resposta do corpo a uma infeção danifica os seus próprios tecidos e órgãos.[5] Os sinais e sintomas mais comuns são febre, aumento do ritmo cardíaco, aumento da frequência respiratória e confusão mental.[2] Determinadas infeções podem desencadear sintomas específicos, como tosse no caso de pneumonia, ou dor ao urinar, no caso de uma infeção renal. Nas crianças mais novas, em idosos e em pessoas com o sistema imunitário debilitado, é possível que não se manifestem sintomas de infeções específicas, podendo também apresentar temperatura baixa ou normal, em vez de elevada.[3]
A sepse grave ou severa causa insuficiências dos órgãos ou da corrente sanguínea. A insuficiência da corrente sanguínea pode manifestar-se por baixa pressão arterial, níveis elevados de ácido láctico ou diminuição da produção de urina. Se a pressão arterial não se recupera, mesmo após terapia intravenosa, sobrevém o choque séptico.[9]
A sepse é causada por uma resposta imunitária do corpo a uma infeção.[3][4] É mais comum que a infeção seja de origem bacteriana, mas pode também ser causada por fungos, vírus ou parasitas.[3] Os locais de infeção primária mais comuns são os pulmões, cérebro e órgãos abdominais. Entre os fatores de risco estão idade precoce ou avançada, um sistema imunitário debilitado devido a doenças como cancro ou diabetes, traumatismo com gravidade ou ainda queimaduras.[2] Até 2016, o diagnóstico de sepse era determinado quando perante uma infeção se observava pelo menos dois critérios da síndrome da resposta inflamatória sistémica (SRIS). Em 2016, a SRIS foi substituída pelo sistema de avaliação SOFA, devendo-se observar pelo menos dois dos seguintes três critérios: aumento da frequência respiratória, alterações no estado de consciência e baixa pressão arterial.[10] É recomendada a realização de hemoculturas antes da administração de antibióticos, embora a inflamação do sangue não seja determinante para o diagnóstico.[3] Pode ser usada imagiologia médica para determinar a localização da infeção.[9] Entre outras possíveis causas de sinais e sintomas semelhantes à sepse estão a anafilaxia, insuficiência adrenal, diminuição do volume de sangue, insuficiência cardíaca e embolia pulmonar.[3]
A sepse é geralmente tratada com terapia intravenosa e antibióticos.[2][11] Os antibióticos são administrados assim que possível, sendo o tratamento realizado muitas vezes numa unidade de cuidados intensivos. Quando a terapia intravenosa não é suficiente para manter a pressão arterial estável, podem ser administrados medicamentos que a aumentam. Pode ser necessário o recurso a ventilação mecânica e hemodiálise para assistir a função pulmonar e renal, respetivamente.[2] As pessoas com sepse necessitam de medidas de prevenção para evitar tromboses venosas profundas, úlceras de stresse e úlceras de pressão. Em alguns casos a quantidade de glicose no sangue pode ser controlada com insulina.[9] A administração de corticosteroides é controversa.[12] A drotrecogina alfa, embora tenha sido inicialmente comercializada para o tratamento de sepse grave, não demonstrou benefícios, pelo que foi retirada do mercado em 2011.[13]
O prognóstico é influenciado pela gravidade da sepse.[7] O risco de morte por sepse é de até 30%. No caso da sepse grave, este risco é de 50%, enquanto no choque séptico é de 80%.[7] Desconhece-se o número de casos em todo o mundo, uma vez que existem poucos dados de países em vias de desenvolvimento.[7] Estima-se que em cada ano haja milhões de pessoas afetadas pela doença.[9] Nos países desenvolvidos, entre 0,2 e 3 pessoas em cada 1000 são afetadas pela doença anualmente.[7][8] A incidência da doença tem vindo a aumentar.[9] É mais comum em homens do que em mulheres.[3] A sepse tem sido descrita na literatura desde a época de Hipócrates.[14] Tanto "septicemia" como "envenenamento do sangue" são termos em desuso.[14][15]