O Humanismo renascentista (Humanismus, em alemão; Umanesimo, em italiano) foi um movimento cultural, iniciado com Francesco Petrarca e em parte por Giovanni Boccaccio, que visava a redescoberta dos clássicos latinos e gregos na sua historicidade e não mais na sua interpretação alegórica, inserindo assim também costumes e crenças da antiguidade no seu quotidiano através do que teve início um “renascimento” da cultura europeia após a chamada “idade das trevas” da Idade Média.
O termo humanismo para designar esse resgate dos valores do período clássico foi inicialmente usado pelo estudioso alemão, Friedrich Immanuel Niethammer, na sua obra de 1808 Der Streit des Philanthropinismus und des Humanismus in Theorie des Erziehungs-Unterrichts unsrer Zeit (A controvérsia entre filantropismo e humanismo na teoria da instrução educacional de nosso tempo).[1] No contexto histórico das transformações sociais que marcaram o período, o humanismo surgiu como a manifestação cultural de rupturas com a decadência da hegemonia da Igreja e enfraquecimento do poder papal, a secularização da política, o surgimento das monarquias nacionais com o fim do feudalismo e renovação da filosofia.[2]
O movimento trouxe uma renovação daquilo que "estava esquecido" na Europa, fazendo com que seus expoentes buscassem uma volta às raízes que consideravam o auge da cultura do continente havido nos períodos grego e latino, numa redescoberta dos clássicos e trazendo-os de volta nas artes plásticas, literatura, educação (estudo de gramática, retórica e filosofia - os studia humanitatis, estudo de humanidades) como algo essencial à formação do ser humano. Também ao período estão ligados os movimentos reformistas religiosos que eclodiram nos séculos XV e XVI.[3] Nele a figura do homem ganha paulatinamente protagonismo na visão de mundo, o que veio a se consagrar no Iluminismo. Foi obra fundamental do período a Oratio de Hominis Dignitate, de Pico della Mirandola, na qual o autor procurava “demonstrar a coerência de base entre todos os sistemas de ciência, de sabedoria e de religiosidade, de sorte que todos eles convergiriam para o estuário comum das verdades eternas, cuja depositária era a Igreja de Roma”, no dizer de Luiz Feracine.[4] No dizer de Giusti Tavares, "...rompeu com a concepção medieval, teológico-natural, da sociedade como uma ordem natural presidida por Deus, fundada na fixidez e no imobilismo estamental de status e papéis [...] e substituiu-a por uma concepção [...] voluntarista da sociedade como construção histórico-social, cultural e artificial do homem".[2]