A "Causa Perdida" (em inglês chamado de Lost Cause, ou ainda Lost Cause of the Confederacy) é uma ideologia negacionista e pseudo-histórica,[1][2] que defende que a causa dos Estados Confederados durante a Guerra Civil Americana foi heroica, justa e não foi centrada na questão da escravidão.[3] Também é chamada de "mito" ou "mitologia".[4][5][6][7]
Essa ideologia inicialmente propagou a ideia de que a escravidão era algo "moral", porque os escravizados eram "felizes", às vezes até "gratos", e que essa instituição garantiu a prosperidade econômica da nação. Esta noção era baseada em ideais racistas durante a "era Jim Crow" na região sul dos Estados Unidos.[8] Ela enfatiza as supostas virtudes cavalheirescas do sul antes da guerra civil. Portanto, a guerra em si é vista como uma luta travada principalmente para salvar o modo de vida sulista[9] e os "direitos dos estados", especialmente o de se separar da União caso assim desejassem. Para os defensores da Lost Cause, a guerra foi então mais uma tentativa do sul de se "defender da agressão nortista". Essa ideologia minimiza ou completamente nega o papel que a escravidão e a supremacia branca permeada na sociedade influenciaram os eventos que levaram a guerra civil.[8] Essa visão é completamente oposta ao que acadêmicos e historiadores têm a respeito do que levou ao conflito, que foi resultado de décadas de uma crise política em volta da expansão e manutenção da escravidão nos Estados Unidos.[10][11]
Uma onda particularmente intensa de atividades de defensores da "Causa Perdida" ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial, quando os últimos veteranos da Confederação começaram a morrer e um esforço foi feito para preservar suas memórias. Uma segunda onda ocorreu como uma reação ao crescente apoio público à igualdade racial durante o Movimento dos Direitos Civis nas décadas de 1950 e 60. Por meio de atividades como a construção de proeminentes monumentos e estátuas honrando militares confederados e livros de história escolares, o movimento da "Causa Perdida" buscou garantir que as gerações futuras de brancos sulistas saberiam sobre as "verdadeiras" razões do Sul para ter lutado na guerra e, portanto, deveriam continuar a apoiar políticas de supremacia branca. Assim, de fato, é notável que as ideias de superioridade branca é uma peça central da narrativa da "Causa Perdida".[12]
As narrativas da "Causa Perdida" normalmente representam a causa da Confederação como sendo nobre e seus líderes e exércitos como símbolo de cavalheirismo de tempos antigos, com o Sul só sendo derrotado pelas forças da União por causa da indústria e da população exponencialmente maior do Norte, que teria sobrepujado a "superioridade militar, genialidade tática e coragem" dos confederados. Proponentes do movimento da "Causa Perdida" também condenam o período conhecido como Reconstrução, que veio após a guerra civil, alegando que foi uma estratégia deliberada de políticos e especuladores do Norte para explorar o Sul economicamente e ganhar poder político. O tema da "Causa Perdida" evoluiu ao longo do tempo, englobando questões como a defesa de valores tradicionalistas e conservadores, não só em termos de raça mas também em papel de gênero, em termos de preservação da honra da família e tradições cavalheirescas,[13] inspirando a construção de inúmeros memoriais no sul e na formação de atitudes religiosas.[14]