Revolta da Chibata

Revolta da Chibata

O líder da Revolta da Chibata, João Cândido (primeira fileira, à esquerda do homem de terno escuro), com repórteres, oficiais e marinheiros a bordo do Minas Geraes em 26 de novembro de 1910.
Data 22 de novembro a 26 de novembro de 1910 (4 dias)
Local Rio de Janeiro, Brasil
Desfecho Anistia e posterior repressão aos rebeldes
Fim do uso de castigo corporal na Marinha
Demissão e prisão de centenas de marinheiros
Beligerantes
  • Marinheiros revoltosos
  • Governo do Brasil
Comandantes
Forças
Entre 1 500 e 2 000 marinheiros
Navios: Minas Geraes, São Paulo, Bahia, Deodoro, República, Benjamin Constant, Tamoio e Timbira
Força humana desconhecida
Navios: Rio Grande do Sul, Barroso e oito novos contratorpedeiros da classe Pará

A Revolta da Chibata foi uma rebelião militar ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, ocorrido no final de novembro de 1910. Foi o resultado direto do uso de chibatadas por oficiais navais brancos ao punir marinheiros afro-brasileiros e mulatos. Ela foi liderada por marinheiros e sub-oficiais da Marinha que se rebelaram contra as condições de vida e de trabalho nas forças armadas, incluindo o uso da chibata, um instrumento de castigo corporal que era amplamente utilizado na época. A Revolta da Chibata foi um dos primeiros grandes movimentos de protesto contra o governo republicano no Brasil e ajudou a impulsionar a Reforma Militar de 1911, que melhorou as condições de vida e de trabalho nas forças armadas.

Em 1888, o Brasil se tornou o último país do mundo a abolir a escravidão colonial. A mudança recebeu oposição das classes dominantes brasileiras, que conduziram a um bem-sucedido golpe de estado em 1889. A instabilidade resultante contribuiu para várias revoltas e rebeliões, mas no início do novo século a crescente demanda por café e borracha permitiu aos políticos brasileiros começar a fortalecer a armada, sobretudo divido tensões com a Argentina. Uma parte importante disso seria a modernização da Marinha do Brasil, que tinha sido negligenciada desde a Revolta da Armada, de 1891-94, o que incluía a compra de navios de batalha do novo tipo, entre eles, os encouraçados (dreadnought), os então mais modernos e potentes Embora extremamente caros, eles atraíram muita atenção internacional antes de sua entrega com diversos outros navios, em 1910.

Contudo, as condições sociais da Marinha do Brasil não acompanharam o ritmo da nova tecnologia. Oficiais brancos de elite eram responsáveis pela maioria das equipes de negros e mulatos, muitos dos quais haviam sido forçados a entrar na Marinha por contratos de longo prazo. Estes oficiais frequentemente utilizavam castigos corporais contra seus tripulantes, mesmo para punir delitos menores, algo que havia sido banido na maioria dos outros países e no resto do Brasil, à exclusão do exército de terra. Em resposta, os marinheiros usaram os novos navios de guerra para um motim cuidadosamente planejado e executado em novembro de 1910. Eles tomaram o controle de ambos os encouraçados novos, um dos cruzadores e um navio de guerra mais velho — um total que deu aos amotinados o tipo de poder de fogo superior o resto da Marinha brasileira. Liderados por João Cândido Felisberto, os amotinados enviaram uma carta ao governo que exigia o fim do que eles chamavam de "escravidão" praticada pela Marinha.

Enquanto a alta oficialidade da marinha conspirava para retomar ou afundar os navios de guerra rebeldes, o que era dificultado pela desconfiança que tinham dos marinheiros e problemas de equipamento; historiadores desde então também lançaram dúvidas sobre suas chances de realizar tais ações com êxito. Ao mesmo tempo, o Congresso — liderado pelo senador Rui Barbosa — buscaram uma rota de anistia, nomeando um ex-capitão da Marinha como sua ligação com os rebeldes. Este último movimento foi bem-sucedido, e um projeto de lei que concedeu anistia a todos os envolvidos e acabava com o uso de castigo corporal foi aprovado no Parlamento por uma ampla margem. No entanto, desrespeitando a anistia, muitos dos marinheiros foram rapidamente dispensados da Marinha, e depois que uma segunda rebelião, devido aos atos punitivos que desrespeitavam a anistia, muitos dos amotinados iniciais foram jogados na cadeia ou enviados para campos de trabalho nas plantações de borracha no norte. Durante a viagem para o Norte, marinheiros aprisionados foram fuzilados e jogados ao mar.


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