Vidas Secas

 Nota: Se procura filme de Nelson Pereira dos Santos de 1963, veja Vidas Secas (filme).
Vidas Secas
Vidas Secas
Capa por Tomás Santa Rosa para a primeira edição do romance Vidas Secas pela Livraria José Olympio Editora, 1938.[1]
Autor(es) Graciliano Ramos
País Brasil
Gênero Romance
Linha temporal Século XX
Localização espacial Nordeste do Brasil
Arte de capa Tomás Santa Rosa
Editora Livraria José Olympio Editora (primeira edição)/Editora Record (atualmente)
Formato Brochura
Lançamento 1938 (1a. edição)
Cronologia
Texto disponível via Wikisource
Transcrição Vidas seccas

Vidas Secas é um influente e importante romance do escritor brasileiro Graciliano Ramos, escrito entre 1937 e 1938, publicado originalmente em '38 pela antológica Livraria José Olympio Editora, hoje editado pela Editora Record, e considerado por muitos como a maior obra do autor. Quarto e último romance de Graciliano, narrado em terceira pessoa, Vidas Secas aborda uma família de retirantes do sertão nordestino condicionada a uma vida subumana, diante de problemas como a seca, a miséria, a fome, a desigualdade social, as lutas de classes e, consecutivamente, o caleidoscópio de sentimentos, pensamentos, desejos e emoções, misturados à aspereza e ao clima do semiárido, que a condição lhes obriga a viver e a procurar meios de sobrevivência, expressando, assim, um espelhamento artístico ainda muito forte com a denúncia política e a situação histórico-social.

Durante o processo editorial do livro, Graciliano mostrou-se inteiramente cuidadoso com sua criação. Por conta da consciência social que existe no conteúdo do livro, moldada através de uma estrutura dramática realista, o enredo tem sido analisado pelos críticos por meio da relação do humano com os meios naturais e socioeconômicos. No entanto, em Vidas Secas Graciliano contornou alguns estilos literários de sua época ligados ao regionalismo, o que lhe proporcionou pontos positivos ou até inovadores. Unindo denúncia e elaboração artística, Graciliano, por exemplo, sendo comunista[nota 1] e político engajado, foi cauteloso nas tradicionais ingerências do narrador opiniático e evitou o protesto vulgar ou o panfletarismo (que poderia usar, como outros autores da época, para criticar os aspectos sociais do Brasil), o que o fez ser reconhecido por um "estilo seco, reduzido ao mínimo de palavras", mas provavelmente mais impactante do que se fosse de outra forma, acrescido de algumas inovações técnicas e de abordagem, como a quebra com a cronologia tradicional entre os capítulos. Tal escritura influenciou gerações de escritores até hoje, conforme podemos cotejar na obra de Euclides Neto, Rubem Braga, Milton Hatoum, Itamar Vieira Junior e muitos outros.

Vidas Secas é um romance afortunado, sucesso de crítica e de público. Best-seller, figura entre os livros mais importantes e influentes da literatura brasileira, tendo ganhado, em 1962, o prêmio da Fundação William Faulkner (EUA) como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea. Também conquistou um enorme número de leitores, tendo vendido mais de um milhão e meio de exemplares, enquanto é leitura obrigatória em escolas, concursos e em vestibulares das melhores universidades do Brasil.[4][5] Após sua publicação no Brasil em 1938, o livro circulou em território estrangeiro durante um bom tempo, sendo primeiramente lançado na Polônia e depois na Argentina, seguida por República Tcheca, Rússia, Itália, Portugal, França, Espanha, Estados Unidos e em muitos outros países ao longo dos tempos desde então. No Brasil, já passou da centésima edição. O cineasta Nelson Pereira dos Santos realizou uma premiada versão homônima de Vidas Secas em 1963, reforçando aspectos pertinentes da obra e do país.

  1. Herkenhoff e Cruz, 1996, p. 94.
  2. Achcar, 2001, p. 126.
  3. Ramos, 1995 ("Dados biográficos de Graciliano Ramos", págs. 218-219).
  4. Achcar, 2001.
  5. Mello, 2012, p. 48.


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